Atividade visa impedir que violências continuem, uma vez que ainda acontecem muito, inclusive nos lares
Roda de Conversa entre Nudem e moradoras da comunidade Esperança, de Campo Grande (crédito da foto: Matheus Teixeira)
Texto: Matheus Teixeira
Não é normal que uma mulher apanhe, seja estuprada, humilhada, difamada nem que seja impedida de gastar ou investir seu dinheiro como bem entenda. Ainda que pareça óbvio que tudo isso é crime, as violências de gênero ainda acontecem muito, em diversos espaços, inclusive nos lares. Para impedir que essas situações continuem, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul foi à comunidade Esperança, em Campo Grande, para abastecer as mulheres com informação.
Resumo da notícia feito com Inteligência Artificial (IA), editado por humano: A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul esteve na comunidade Esperança, em Campo Grande, para orientar mulheres sobre seus direitos e formas de romper o ciclo da violência. A ação faz parte do Agosto Lilás.
“Raros são os casos em que o homem bate na mulher na 1ª situação. Normalmente, a violência vem escalando: ele começa desqualificando, diminuindo a mulher, mexendo com a autoestima dela, chamando-a de psicopata, de louca”, expõe Kricilaine Oliveira Souza Oksman, defensora coordenadora do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (Nudem). Em razão desse contexto, ela conversou com as moradoras sobre a importância de se fortalecerem, conhecerem seus direitos e os caminhos para pedir socorro.
Isabela Alves Nantes Zacarias, assistente social do Nudem, também falou às mulheres da comunidade Esperança. Segundo ela, mesmo quando a mulher está enfraquecida psicologicamente é possível buscar ajuda para romper o ciclo da violência. “A mulher que está em situação de violência muitas vezes já passou por um longo processo de baixa autoestima. O homem costuma culpabilizá-la pela violência que ele comete, e a gente tem que saber se proteger”, diz Zacarias.
Equipe do Nudem (a partir da esq.) Amélia Prado, assessora, Isabela Zacarias e Kricilaine Oksman (crédito da foto: Matheus Teixeira)
Para quem sofre violências dentro de casa, é possível ir para um abrigo, de endereço sigiloso. “Ela tem direito a ficar lá com os seus filhos. Vai ter resguardada a sua vida, a sua liberdade. E existem programas que visam dar, às mulheres que saem das suas casas por conta da violência, qualificação para trabalhar”, descreve Oksman. A proteção à vítima é completa… “A depender da situação, a mulher ganha auxílio para mobiliar uma nova casa, ganha por um período uma remuneração, tem direito de matricular seus filhos em outro lugar. Se trabalha e não vai ao trabalho em razão dessa violência, não sofre punição por essa falta”, complementa.
Após passar por situações horríveis, uma das moradoras – que prefere não ser identificada – diz que não tolera mais violência, de nenhum tipo. Confessa que já foi agredida por um ex-companheiro e que a irmã dela também sofreu nas mãos do então marido: entretanto, não sobreviveu para contar o caso; foi vítima de feminicídio aos 36 anos, deixando três filhos órfãos. O assassino foi condenado e está preso.
“Ela tem direito a ficar lá [na Casa Abrigo] com os seus filhos. Vai ter resguardada a sua vida, a sua liberdade”
Kricilaine Oliveira Souza Oksman
defensora coordenadora do Nudem
Agosto Lilás é campanha nacional de enfrentamento às violências contra as mulheres (crédito da foto: Matheus Teixeira)
Agosto Lilás
A roda de conversa do Nudem com as moradoras da comunidade Esperança integra o Agosto Lilás. Esta é uma campanha nacional de enfrentamento às violências contra as mulheres; o mês de agosto é o escolhido porque marca o aniversário de publicação da Lei Maria da Penha.
Intitulada de “Roda Lilás: o Nudem e a Cufa em Defesa das Mulheres da Comunidade”, a ação pôde ser realizada graças a uma parceria com a Central Única das Favelas (Cufa) de Campo Grande, sob a gestão de Letícia Polidório. Além do bate-papo no dia 19, a Defensoria distribuiu informativos impressos e prestou atendimentos individualizados.